quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Baile da naftalina

Quando eu digo que ex bom é ex morto, neguinho acha que eu exagero na dose. Mas que é a raça que mais dá problema, confusão, desencontro e raiva é a categoria ex. Eta moçada que vive colocando a gente de cabelo em pé, viu?


Tenho uma teoria: todo mundo (sobretudo mulheres) deveria ter alergia a mofo. Sim, a alergia deveria ser aplicada nas pessoas como vacina. Você deve estar pensando que eu perdi totamente o pouco juízo que me resta. Mas se todas nós tivéssemos alergia a mofo, você acha que solteiras ficariam mexendo em baú e fraudes velhas?  Ia se começar uma espirração e coceira de nariz que iriam nos salvar de muita dor de cabeça no futuro. Ô se iam.

A solteira em questão saiu da música do Alceu Valença. Morena tropicana, com aquele ar de Camila Pitanga que poucas abençoadas tiveram a sorte de nascer. Mas nem assim a pobre ficou imune ao baú das fraudes.  Ela namorou  por pouco tempo um rapaz que era o gostosão da parada. Sua agenda de telefones era recheada de contatos a letra A até a Ômega do alfabeto grego. Fora as várias meninas suspirantes que  ele tinha de fã clube. Chegado a festas, auês e afins, o cara era o perfeito fanfarrão. A coração da culega não resistiu a tanta fama e se envolveu com o festeiro. Mas aí as coisas foram ficando com gosto de suflê de chuchu e eles terminaram amigavelmente, numa conversa de adultos que parecia encerrar uma história com classe e catiguria. 

Os eventos bombantes do fanfarrão continuaram e a morena tropicana continuou desfilando sua brasilidade pelas ruas. Até que o animado resolver dar  uma festa -especialidade da casa- e a dublê de Camila Pitanga se  arruma toda e vai pro momento flashback. Mas aí você já percebe que a solteira tava querendo colocar a mão no baú e tirar tudo quanto era roupa velha. Ela tava querendo a todo custo um momento retrô, saudosa por uma brilhantina e disco de vinil. A fraude fanfarrona deu uns ponches batizados pra solteira, rolou um 'eu perguntava do you wanna dance' e depois de três passos de twist, o broto tava no papo. E a noite foi boa como nos tempos em que vovó tinha dentes e mordia vovô atrás da moita. Ou tá achando que as sumidas que vovó dava durante a queremesse eram pra rezar o terço? 

E após aquele revival lindo e com gosto de barquete (vocês lembram daquele salgadinho pavoroso que era uma barquinha de massa recheada de maionese? Argh!), os dois voltaram a ter uma conversa amistosa e promissora no msn. Aqueles papinhos despretenciosos e gostosos que fazem a gente sorrir na hora do almoço e querer usar roupa nova todo dia, fizeram a solteira ter uma ideia. Seu baile de formatura estava por vir e quem mais poderia ir com ela do que o moço mais festejador de toda a região metropolitana? A culega já começou a pensar nos dois dançando valsa, ela toda diva em seu vestido espetaculoso, eles entrando para a eternidade no álbum de fotos. Uma coisa de comover até vilã de novela das 8 e comunista comedor de criancinha.

Combinaram então que ela iria entregar o convite dele numa festa de amigos em comum que iria acontecer naquele final de semana. Vale ressaltar que um convite pra baile de formatura custa por volta de R$ 120,00 . É coisa cara e disputada a tapa, que gera brigas em família numerosas e ciúmes nas turmas de amigos, pois o número de convites é limitado. Solteira foi toda bonitona e serelepe para a festa, disposta a ter o revival de sua vida, com o convite dourado dentro da bolsa. Ela chega na porta do apê e escuta o Silvio Santos ao fundo: 'vamos abrir as portas da esperança'! E quando as portas se abrem... Solteira quase teve um piripaque na frente de todo o público presente. Não é que o fanfarrão estava de fanfarronice com uma sirigaita que eles conheceram juntos uma vez há muito tempo atrás? E pra quem queria voltar no tempo e mexer no baú da saudade, ela se viu novamente num jantar de meses passados  na casa de amigos do fanfarrão. Nessa noite, a sirigaita namorava um zé qualquer e acabou sendo parceira de truco da solteira. Elas ficaram lado a lado e conversaram sobre vários assuntos e até descobriram ser do mesmo signo. E não é que tempos depois a sirigaita e o fanfarrão se viram solteiros e resolveram unir suas forças? Né brinquedo não.

A solteira não conseguia acreditar no que estava vendo. Mas ela já não tinha comentado com ele que iriam juntos no seu baile de formatura? E como assim que ele vai se engraçar por uma menina que  ela também conhecia e ainda por cima a leva na festa? Ela quase foi comprar um óleo de peroba pro fanfarrão lustrar a face. Ela então mais que certa joga o baú de novo no fundo do guarda-roupa e coloca o sujeito no pretérito  imperfeito. Obviamente não deu o convite pro infeliz e ainda teve que assistir de camarote durante a festa toda o novo casalzinho trocando carícias. Mais nojento que barquerte de maionese. Mas solteira brejeira não saiu do salto e continou tomando sua caipfruta e jogando o cabelão pra trás. E soube depois que o casalzinho novo namorou por um bom tempo, bem mais que o tempo que o fanfarrão passou com ela. Vai entender a lógica das fraudes, né?

Então, minha querida solteira, se te der uma vontade louca após beber umas e outras no fim da noite ou quando uma carência monstro resolver bater na sua porta, já sabe. Se der vontade de mexer em coisa antiga, faz um permanente no cabelo, vai de lambreta bater perna num brechó e escuta no walkman Nelson Rodrigues. Mexer com ex fraude é que é brega até o caroço! Não vai ficar demodée, hein?

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