quinta-feira, 25 de março de 2010

Conto de fadas às avessas

A história abaixo confirma que a teoria que em 2012 o mundo acaba é pura balela. Porque o mundo já acabou e a gente está vivendo com os farelos dele. Farelos loucos, por sinal.

Era uma vez uma doce solteira. Com fala mansa, bom coração e querida por gregos e troianos. Trabalhando um dia até tarde, encontrou sem querer uma colega de trabalho num bar e foi recebida por uma mesa lotada de pessoas, incluindo um certo sujeito atraente. Como ela ainda tinha muita coisa para fazer, não pode se sentar com a turma, mas trocou algumas frases com o rapaz e foi embora 10 minutos depois.

No dia seguinte, sua colega de trabalho diz que o sujeito a achou linda, meiga e queria seu msn. Contou que ele ficou encantado e falou nela durante um tempo. Tá com cara de príncipe, né? Pois é. A nossa querida solteira sofria do mal do coração bom, e levemente envaidecida com essa paixão à primeira vista, logo passou seus contatos e esperou o contato virtual. Dois dias depois lá vem o nosso pseudo-príncipe conversar. Ele estudava com a colega de trabalho da solteira, era um rapazinho bonitinho com descedência italiana e realmente estava interessado. A solteira sentia o coração até palpitar quando a janelinha do seu conde italiano piscava na tela do computador. Nada poderia ser melhor: ele era bonito, rico, gente fina e ainda com o toque dourado de ser descendente europeu. O mundo era bom e niguém sabia.

Cerca de três vezes por semana, eles batiam papo. Todas na empresa já estavam cientes do Pomarola e torciam para que ela fosse visitar os parentes longícuos dele na Toscana ou em Milão ou em qualquer cidadezica italiana que desse 'buon giorno' e se comesse capeleti, lasanha e bruscheta todo santo dia. Já se podia avistar o jovem casal correndo pelos campos de trigo ao entardecer, ela com um vestido florido e cabelos ao vento, tomando bons vinhos e vendo as bicicletas passarem pela estradinha de terra. Ah... Que bucólico!
Por cerca de três meses, eles conversaram no msn. Trocaram telefones, paqueraram e tentaram se reencontrar duas vezes, mas São Solteiro não colaborava. Em uma das vezes ele estava fora da cidade quando a solteira o chamou para ir num show e na segunda vez ela tinha trabalhos da faculdade e não poderia ir. Até que um dia, finalmente, o nosso pseudo-conde convidou a solteira para ir a um bar. Ela aceitou o convite entusiasmada e começou a pensar em qual figurino usaria. Depois de tanto tempo de conversa eles finalmente iriam se ver ao vivo e a cores. A solteira estava radiante, ouvindo Laura Pausini e Eros Ramazzotti dia após dia. Dois dias antes do encontro, ele telefona e pergunta se havia problema em ir no aniversário de um amigo dele. A solteira não gostou muito da mudança de planos. Poxa, depois de três meses teclando no pc, quase tendo um faniquito a cada hora que ele aparecia no msn, ele iria querer encontrá-la num bar cheio de amigos dele? Mas como queria encontrar com a figura, topou.

No dia D ele telefonou à tarde confirmando tudo, querendo saber se ela iria mesmo. A solteira disse que sim e antes de ir ao encontro pegou um cineminha com uma amiga. Como demorou um pouquinho a mais, o pseudo-conde telefonou novamente perguntando se ela tinha se perdido, visivelmente ansioso para encontrá-la. Uma ansiedade compreensível e que enche a mulherada de orgulho ao ver o bofe comendo as unhas enquanto a gente não chega. É quase tão bom quanto sair com uma roupa nova tendo certeza que você consegue dominar o mundo. Diante desses indícios, a solteira tascou um sorrisão confiante na boca, estufou o peito e partiu pro abraço. Ao chegar no bar, viu uma  mesa cheia de amigos. Um detalhe não muito agradável: eram 3 homens e umas oito mulheres. Mas ela estava segura que nenhuma daquelas meninas ali apresentavam perigo, pois o rapaz queria que ELA chegasse. Quando se viram, ele foi super simpático, fez as apresentações necessárias com a turma e se sentaram. Todos começaram a conversar e a noite parecia agradabilíssima.

Eis então que nosso querido rapaz avisa a solteira que iria ver uns amigos que estavam na esquina e em dez minutinhos voltaria. Ela sorriu para ele e engatou um papo com as meninas da mesa. Conversaram sobre trabalho, novela, Big brother, férias, roupas, barzinhos, nova cor de esmalte,  filmes em exibição, cerveja, comida, celular, medo de altura, funcionamento de um liquidificador, física quântica, matança das baleias, endoscopia, casamento entre anões, tudo-o-que-você-pode-imaginar. Já haviam se passado 40 minutos. Sim, quarenta minutos e nada do sujeito voltar. Ela olhava no relógio, coçava a nuca, consertava o vestido, bebia o fim da dose de caipirinha e nada. Até os amigos dele começaram a perguntar onde é que o infeliz estava. Tentou ligar para ele mas seu celular não dava sinal. Cansada e super sem graça com a situação, se despediu de seus novos amigos e disse para eles avisarem ao pseudo-príncipe que tinha ido embora.

Se levantou sem sair do salto e começou a caminhar em direção de onde ele possivelmente estaria. Qual não foi sua surpresa quando ao virar a esquina o encontra rolando de rir com seus amiguinhos, esquecido do mundo? Nesse momento, ao lembrar que ele a abandonou na mesa com estranhos por quase uma hora e estava conversando idiotices com seus colegas, o sangue da boa solteira ferveu. Cutucou o sujeito pelas costas e aí aconteceu o mais inacreditável: ele a cumprimentou como se não a visse há séculos!! Fez uma cara de real surpresa e alegria para a solteira. Ela achando que estava doida, diz que vai embora e escuta da fraude: 'mas já'? Ela range os dentes, dá um tchau o mais seco possível e vai embora. O encontro terminou em pizza sabor anchova.

 Depois do episódio de completa insanidade, ela comenta com sua colega de trabalho o que aconteceu. Completando o passeio pelo sanatório, sua colega diz que realmente ele tem fama de maluquinho, mas não falou nada para não atrapalhar o romance. A pessoa decide não te contar que o amigo dela é um completo lunático para te ajudar? Será em qual sentido filosófico da experiência humana que ela achou que ajudaria?

Obviamente depois do ocorrido, a solteira e o conde italiano maluco nunca mais conversaram, mas ele ainda perguntou por ela segundo a colega de trabalho. É, 2012 tá bombando mesmo. Aja coração!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Don't cry for me Argentina

A história é tão surreal que sou obrigada a contá-la na primeira pessoa para que você acredite. Eu até hoje duvido um pouco.

     Era a minha primeira viagem internacional. É, foi aqui pra Buenos Aires, lugar lotado de brasileiros, tão pertinho da gente que nem precisa de passaporte, mas era a primeira vez que eu viajava para fora. Meu primo morava lá há um tempo e iria me hospedar em sua casa. Era janeiro e o calor da cidade tentava competir com o do Rio de Janeiro. Buenos Aires fervia. Como meu primo trabalhava o dia todo e adoro caminhar sozinha, pude me esbaldar pelas ruas, ainda mais com um metrô que funcionava direitinho. E se você solteira, estiver se sentindo a pior das criaturas, tão sensual quanto uma garrafa térmica, sem conseguir pegar gripe suína no chiqueiro, vá a Buenos Aires. Olhe agora no site da Tam, Gol, olhe passagem de ônibus, alugue um jegue, vá patins, mas vá. Eu não sei bem o que as brasileiras tem, mas elas tem um borogodó.

Eu estou longe de ser uma Luana Piovanni, sou baixinha, magra e com cara de menina. Porém ao pisar na terra dos hermanos, eu praticamente me transformei na Daniela Sarayba. Era eu sair na rua pra ouvir a a música da Julia Roberts no filme 'Uma linda mulher'. O dia em que eu botei as pernocas de fora num short curto, pensei que a cidade fosse entrar em colapso. Mulheres, meninos, senhores, velhinhos, cachorros, motoristas, cegos, todos me olhavam num misto de surpresa e admiração. E pra continuar o encanto portenho, os argentinos são muito bonitos. De verdade. Tem loiros dos olhos castanhos, morenos dos olhos verdes, cabeludos, carecas, com barba, de terno, de skate, de tudo quanto é jeito. Do caixa do supermercado ao transeunte, todos são bonitos. Óbvio que não são todos todooos, mas desconheço aqui no Brasil uma concentração por metro quadrado tão linda assim. Eu me apaixonava a cada 15 minutos em média. Eu virei o pescoço para olhar, eu sorri diante dos olhares, eu paquerei inocentemente muito. Se houvesse um padre por perto, eu teria me casado inúmeras vezes. E acho até que poderia ser feliz pra sempre.

     Resolvi então numa ensolarada manhã conhecer o Malba (recomendo- um dos museus mais bacanas que vi). Peguei meu mapa, meus óculos escuros e fui passear com meu macacão jeans curto, claro. Chegando perto da linda faculdade de direito na Recoleta não conseguia saber qual direção do museu. Havia um fluxo grande de alunos e todos eram deliciosamente argentinos. Vi um moçoilo tão bonito, mas tão bonito no estacionamento que devo ter ficado uns 8 minutos sem respirar, 'popotizada'. Me deixei sentar nos degraus da entrada faculdade e admirar mais aqueles seres. Agora imagine se eu tivesse sentada na porta de qualquer faculdade daqui. Só ia ter menino novo dividido basicamente em duas turmas: a dos Jah-reggae-vibration, com colares de miçanga, sandália de couro, blusas do Bob Marley saindo do DCE e falando 'sohh véi...' e a facção dos playba-hip-hop, com colares de prata da grossura de uma corrente pra prender cachorro, tênis horríveis cheios de parafernálias que mais parecem de astronauta e faladores de coisa do tipo 'fraga', 'doido demais' e afins. Dá vontade jogar uma bomba nas calouradas pra ver se esses tipos são extintos. Quando lembro que num passado remoto eu curtia a turminha do jah-reggae-vibration, tenho até uma vergonhinha.

     Voltemos a Buenos Aires. Saí da faculdade de direito e fui atravessar a ponte que liga o prédio (bem bonito por sinal, com suas colunas imponentes) ao outro lado da rua quando escolhi os três rapazinhos mais bonitos para pedir informação. Não é que eles não sabiam onde era o Malba? Fiquei chocada e continuei meu caminho até que um moçoilo que não estava na turma deles veio falar comigo. 'Você quer ir ao Malba'? Admito que nem tinha prestado atenção na pessoa, sobretudo porque ele estava de roupa social e não possuía nada de extraordinário. Mas ele era bonitinho, com o cabelo escuro, magro e alto. Falei que queria conhecer e ele respondeu que estava um pouco longe para ir a pé. Era tarde, eu não havia comido, o sol estava castigando e estava cansada de caminhar. Agradeci a informação e quando fui me despedir ele se vira para mim e diz:
    - Eu tenho duas horas livres. Se você quiser posso te acompanhar no Malba.

    Fiquei sem palavras. Que gentileza! Depois de trocar umas cinco frases  ele se oferece para me acompanhar! Olha São Solteiro aí, gente! Eu topei meio sem graça e nos apresentamos. A ficha: Ignácio, estudava direito, conhecia Florianópolis, apresentou a faculdade de direito toda, me pagou um lanche (aiai...gentilezas primárias acabam comigo) e era super gente fina. Fomos caminhando e conversando sobre música, trabalho, Brasil, Argentina, futebol. Acabamos não indo ao Malba. Ele me levou a um outro museu ali perto e ficamos  vendo obra por obra. Para completar a fofura, eu ainda recebia aulinhas básicas de história argentina. Às vezes ele tocava na minha cintura bem de leve pra ouvir ou tentar entender o que meu portunhol falava. Estava rolando um climinha super gostoso. Só faltava chover brigadeiro pra ficar melhor. E pasmem: nós ficamos juntos por mais de cinco horas entre caminhadas e museus.

     Chegou a hora de ir embora e fui acometida por uma estupidez monstra. Na despedida, pensei comigo: não vou beijá-lo para ele não achar que mulher brasileira é fácil. Pois é, pois é. Com esse raiocínio de ameba, eu me dei bem mal.. Ele se vira e super cortês diz que quer me convidar pra jantar no dia seguinte. Meu Deus, é um conto de fadas? Cadê a abóbora?? Como não levei celular na viagem, dei o telefone da casa onde eu estava e acho que de tão emocionada acabei não pegando os contatos dele. Sai flutuando e pensando como seria especial o jantar com Ignácio. Na manhã do outro dia fui fazer umas comprinhas e precisei ligar para a casa do meu primo. Ligo e a ligação cai em outro lugar. Ligo novamente e percebo para meu total desespero que tinha anotado o telefone errado. A ficha caiu na hora: passei o número errado pro bofe. Me senti como um argentino no velório da Evita Perón; ar-ra-sa-da. Conheço um menino super interessante e passo o telefone errado a ele? Céus, onde foi que eu errei? E para completar não pego os contatos dele?? Nem telefone, nem email, nem nada? Eu era uma típica anta da fauna brasileira.

     De tarde voltei à faculdade de direito e sai perguntando a alguns estudantes se conheciam o sujeito. Não satisfeita, escrevi o nome dele (eu havia lido o sobrenome dele em sua carteirinha de aluno) numa folha de papel e fiquei sentada à espera de um milagre. Fui no registro acadêmico e não achei seus dados. Ele não estava no orkut nem facebook. Acabei saindo pra jantar acompanhada aquele dia; eu e Murphy, Murphy e eu. Juntinhos.

ps.: Ignácio, se você estiver lendo essas linhas, me perdoe. E pode marcar o jantar que dessa vez eu juro que vou!



domingo, 14 de março de 2010

Solteiras em apuros

Para iniciar as histórias solteirísticas, vamos a uma fresquinha, acontecida há pouco tempo.

    Quatro amigas solteiras resolveram sair para uma noite original, regada a black music. Além de curtirem boa música e bom papo, iriam comemorar a saída da toca de uma solteira que havia terminado um longo namoro. Se arrumaram, colocaram sapatos confortáveis e rumaram pra festa. O universo conspirava a favor. Por enquanto.

    Ao chegarem foram recepcionadas por dançarinos vestidos a caráter e luzes coloridas piscantes, dignos de cena de filme. A noite começava com sapato bicolor e muitas risadas. Ok, nenhuma sabia dançar black music direito, uma delas não se atreveu a mexer nenhum dedinho da mão pra dançar a la gringo-sambando-no-carnaval, não tinha um bofe bonito ainda pra alegrar as retinas e o local dava pistas que em pouco tempo iria virar uma sauna dançante. Mas elas estavam debaixo do ventilador, a solteira que estava com crise alérgica não soltou um mísero espirro e a cerveja estava gelada. Ponto pras meninas.

    Eis que de repente, não mais que de repente, adentram no recinto cerca de cinco centenas de pessoas, como num enxame. O lugar foi enchendo, lotanto, bombando e quase explodindo de tantos cerumanos amontoados. Como era de se esperar, os ventiladores não conseguiram nem fazer cosquinha no calor de 47ºC que reinava soberano. Era como uma festa nos terrenos do capeta; pensando bem, até o coisa-ruim iria pedir arrego e querer um ar condicionado só pra ele. A fila pra comprar bebida tinha dado cria e estava giga, o ice vendido lá era o pior do mercado e a maquiagem havia ido pras cucuias a long time ago. A turma então se dividiu: duas solteiras mais animadas alheias ao calor infernal se jogaram na pixta e encontraram com semi-conhecidos (amigos de amigos seus que você conversou apenas uma vez por 15 min num aniversário da turma) e as outras duas sofredoras de menopausa precoce foram tomar uma brisa lá fora. Beleuza. Uma das solteiras animadas encontrou um bofe interessante que era um semi-conhecido e puxou papo. Quando se conheceram ela estava embolada com um rapaz. Na segunda vez que se viram ele estava acompanhado. Agora na terceira o placar estava 0 x0 e era hora de marcar um gol, até que...

    Ela foi ao banheiro acompanhada da amiga para se refrescarem do calor. Disposta a voltar pra pixta e intensificar o papo com o bofe, recebe a ligação de uma das solteiras que estava lá fora. Resumo da conversa:
_ Cadê você mulé??
_ Menina, você tem que ver a pancadaria que tá rolando aqui no buteco! Garrafa voando, gente gritando, uma confusão! Um quebra pau danado! Meu Deus, ligo pra polícia e ninguém atende! Coisa horrorosa confusão pancadaria pesada copo sendo quebrado jesussss...

E ela desliga o celular.

    Com medo do que pudesse estar acontecendo, as solteiras animadas saem em direção ao buteco do quebra pau e encontram as outras duas assustadíssimas na porta. Uma tremia da cabeça aos pés e a outra contou que ficaram presas no banheiro esperando a confusão passar. Era a narração de uma cena do 'Tropa de Elite'. As outras duas ensopadas  de suor não conseguiram falar nada diante das sobreviventes do massacre da Candelária. Obviamente que as duas assustadas foram embora na mesma hora sem olhar pra trás e como as quatro haviam vindo juntas, uma das solteiras animadas acaba voltando também de carona. Fica uma solteira dissidente na esperança de voltar com o semi-conhecido. Assim que se vê sozinha e suada, vê o tal moçoilo e conta o que aconteceu, mostrando que estava só e preocupada. O que faz o infeliz então pra desgosto geral da nação? Faz uma cara de anteontem, fica mudo como uma porta e sai lentamente oferecendo suas largas costas. Era hora de se beliscar e ver que aquilo tudo era fruto da sua imaginação. As solteiras ainda estavam lá, os ventiladores cumpriam seu papel, o semi-conhecido era um semi-bom-partido e a dança comia solta. Mas não. Não mesmo.

    A solteira animada se viu sozinha, cozida de calor a léguas de sua casa e ainda por cima a pé. Só faltava desabar um temporal e seu celular cair na enxurrada. Porque desgraça quando vem costuma trazer a família toda. Só que existe um santo protetor das solteiras em apuros, São Solteiro, amiguinho de longa data de Santo Antônio. Ele colocou no caminho dela dois semi-conhecidos de uma das solteiras que estavam lá na festa e ela ficou com eles até o final. Foi deixada em casa sã  salva. As outras três entre assustadas e incrédulas com a aventura, foram dormir. Fim de noite.

    Moral da história: a saída que seria o debute da solteira enclausurada quase estampou a capa do Super. E a solteira animada se deparou com um fraude com quase 1,80m de altura.

Stay on the scene, like a sexy machine.

Ser solteira: mais que um estado civil

Olá,
já são quase três anos de uma solteirice bem vivida. Inúmeros casos vividos e ouvidos de amigas próximas e outras nem tão próximas assim  refletem que ser solteira vai além dos limites de estado civil. Porque conheço solteiras com alma de casadas e casadas com espírito de solteiras. Tecla sap pro namorado ciumento de plantão: ser solteira perpassa muito mais por uma postura em relação à vida do que outra coisa. É a chance que você tem de fazer o que quer, com quem quer, na hora que quer, numa liberdade que assusta muita gente. É se sentir poderosa ao trocar olhares nas ruas e não morrer de remorso lembrando do bofe fixo. É ficar mais antenada em você e suas vontades, desejos e medos. É comprar uma calça de vinil deslumbrante e sair linda só pra você. É se ver mais de perto, lá no fundo e descobrir que o céu pode ser o limite.

     Não que essa condição libertária (e talvez libertina??) seja exclusiva pras solteiras. Há mulheres incríveis casadas e com filhos que dão um baile em muita menina soltinha por aí. Mas percebo que tais características afloram com mais vigor nas solteiras. E é esse tipo de solteira que quero falar no blog; solteiras bem resolvidas que se metem em situações que beiram a falta de solução. E muitas vezes matam a gente de rir.

    Você deve saber do que estou falando. Sabe aquela amiga da sua prima que resolveu sair linda e maravilhosa pra jantar com um moçoilo e esquece a etiqueta gigante pra fora do vestido? Ou aquela vez em que no leito de amor você ouviu da boca do sujeito os detalhes da primeira vez dele com a ex-namorada? E a famosa história da sua colega de trabalho que foi sassaricar (no sentido de se divertir, nem sempre ligado a homens) numa micareta e ouviu em alto e bom som de um rapazote: 'ô tia, você não acha que já passou da idade, não?'. É, ser solteira é pra poucas e boas. Não é trabalho pra amadoras.