domingo, 14 de março de 2010

Solteiras em apuros

Para iniciar as histórias solteirísticas, vamos a uma fresquinha, acontecida há pouco tempo.

    Quatro amigas solteiras resolveram sair para uma noite original, regada a black music. Além de curtirem boa música e bom papo, iriam comemorar a saída da toca de uma solteira que havia terminado um longo namoro. Se arrumaram, colocaram sapatos confortáveis e rumaram pra festa. O universo conspirava a favor. Por enquanto.

    Ao chegarem foram recepcionadas por dançarinos vestidos a caráter e luzes coloridas piscantes, dignos de cena de filme. A noite começava com sapato bicolor e muitas risadas. Ok, nenhuma sabia dançar black music direito, uma delas não se atreveu a mexer nenhum dedinho da mão pra dançar a la gringo-sambando-no-carnaval, não tinha um bofe bonito ainda pra alegrar as retinas e o local dava pistas que em pouco tempo iria virar uma sauna dançante. Mas elas estavam debaixo do ventilador, a solteira que estava com crise alérgica não soltou um mísero espirro e a cerveja estava gelada. Ponto pras meninas.

    Eis que de repente, não mais que de repente, adentram no recinto cerca de cinco centenas de pessoas, como num enxame. O lugar foi enchendo, lotanto, bombando e quase explodindo de tantos cerumanos amontoados. Como era de se esperar, os ventiladores não conseguiram nem fazer cosquinha no calor de 47ºC que reinava soberano. Era como uma festa nos terrenos do capeta; pensando bem, até o coisa-ruim iria pedir arrego e querer um ar condicionado só pra ele. A fila pra comprar bebida tinha dado cria e estava giga, o ice vendido lá era o pior do mercado e a maquiagem havia ido pras cucuias a long time ago. A turma então se dividiu: duas solteiras mais animadas alheias ao calor infernal se jogaram na pixta e encontraram com semi-conhecidos (amigos de amigos seus que você conversou apenas uma vez por 15 min num aniversário da turma) e as outras duas sofredoras de menopausa precoce foram tomar uma brisa lá fora. Beleuza. Uma das solteiras animadas encontrou um bofe interessante que era um semi-conhecido e puxou papo. Quando se conheceram ela estava embolada com um rapaz. Na segunda vez que se viram ele estava acompanhado. Agora na terceira o placar estava 0 x0 e era hora de marcar um gol, até que...

    Ela foi ao banheiro acompanhada da amiga para se refrescarem do calor. Disposta a voltar pra pixta e intensificar o papo com o bofe, recebe a ligação de uma das solteiras que estava lá fora. Resumo da conversa:
_ Cadê você mulé??
_ Menina, você tem que ver a pancadaria que tá rolando aqui no buteco! Garrafa voando, gente gritando, uma confusão! Um quebra pau danado! Meu Deus, ligo pra polícia e ninguém atende! Coisa horrorosa confusão pancadaria pesada copo sendo quebrado jesussss...

E ela desliga o celular.

    Com medo do que pudesse estar acontecendo, as solteiras animadas saem em direção ao buteco do quebra pau e encontram as outras duas assustadíssimas na porta. Uma tremia da cabeça aos pés e a outra contou que ficaram presas no banheiro esperando a confusão passar. Era a narração de uma cena do 'Tropa de Elite'. As outras duas ensopadas  de suor não conseguiram falar nada diante das sobreviventes do massacre da Candelária. Obviamente que as duas assustadas foram embora na mesma hora sem olhar pra trás e como as quatro haviam vindo juntas, uma das solteiras animadas acaba voltando também de carona. Fica uma solteira dissidente na esperança de voltar com o semi-conhecido. Assim que se vê sozinha e suada, vê o tal moçoilo e conta o que aconteceu, mostrando que estava só e preocupada. O que faz o infeliz então pra desgosto geral da nação? Faz uma cara de anteontem, fica mudo como uma porta e sai lentamente oferecendo suas largas costas. Era hora de se beliscar e ver que aquilo tudo era fruto da sua imaginação. As solteiras ainda estavam lá, os ventiladores cumpriam seu papel, o semi-conhecido era um semi-bom-partido e a dança comia solta. Mas não. Não mesmo.

    A solteira animada se viu sozinha, cozida de calor a léguas de sua casa e ainda por cima a pé. Só faltava desabar um temporal e seu celular cair na enxurrada. Porque desgraça quando vem costuma trazer a família toda. Só que existe um santo protetor das solteiras em apuros, São Solteiro, amiguinho de longa data de Santo Antônio. Ele colocou no caminho dela dois semi-conhecidos de uma das solteiras que estavam lá na festa e ela ficou com eles até o final. Foi deixada em casa sã  salva. As outras três entre assustadas e incrédulas com a aventura, foram dormir. Fim de noite.

    Moral da história: a saída que seria o debute da solteira enclausurada quase estampou a capa do Super. E a solteira animada se deparou com um fraude com quase 1,80m de altura.

Stay on the scene, like a sexy machine.

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