terça-feira, 27 de abril de 2010

Conhecimentos empíricos do vestido de oncinha

O sentimento que me domina ao escrever estas linhas é raiva, indignação e a vontade gigante de dar um cocão na solteira da história. A gente até tenta entender comportamento estranho dos fulanos mas e quando quem resolve passar umas 10 vezes na fila do vacilo é a culega? Cadê meu rivrotil, Jesus?

Quando o assunto é amiga (solteira, casada, enrolada, fraudulenta), a gente sempre dá apoio. Mas às vezes a experiência é a melhor conselheira. Fim de semana se aproximava e como sempre trazia a pergunta que nunca quer calar: o que fazer na noite de sexta-feira? A opção escolhida por duas amigas foi ir a um inferninho bastante conhecido. E lá, ao contrário do local do último post, era recheado de homem bonito do rodapé a chaminé. Cientes que a noite seria de arromba, uma solteira vai com uma roupa mais simples, aquela combinação infalível de short e camiseta. Já a outra, querendo destruir as estruturas do local, aparece estonteante num vestido de oncinha, com direito a um decote frontal de desencaminhar padre e gay. Ela não estava para brincadeiras nem queria fazer amigos aquela noite. Ela farejava confusão como uma onça faminta. E encontrou um osso duro de roer. E roeu até o último farelo lambendo os beiços.

Estavam no local há pouco tempo e um sujeito resolve puxar papo com a onça fatale. Rapaz gaúcho, bonitinho, baixinho com cara de menino, geólogo e bom de papo. Cerveja vai, cerveja vem, rock vai, rock vem e em meia hora eles se beijaram. Um beijo normal, sem grandes doses de hormônio. Ele sozinho, ficou com as duas conversando um tempo. A onça girl estava feliz, nem tinha esquentado lugar direito e se enroscou com um indivíduo. A outra ficou feliz pela solteira e continuou dançando e trocando olhares pela noite. O gaúcho resolve dar uma volta pelo bar e não volta. Era possível avistá-lo de longe, o infeliz estava de papo com outra menina e também não parecia querer fazer uma nova amizade. As solteiras se olharam e comentaram que ele só poderia ser louco. Minutos depois ele se engalfinhava com a outra, no típico estilo micareta-auê-17anos-vamobeijánaboca. Simples assim. Não que a solteira quisesse casar com a fraude, mas era preciso ele ser tão babaca?

Começou a nascer um ódio no coração da onça fatale e de sua amiga. A primeira se atracou nas long necks e colocou o fígado para trabalhar. Chafurdou no álcool e bye bye sanidade. O contexto também não ajudava em nada: não é que o gaúcho micareteiro já tinha trocado de par? Sim, agora arrastava a asa pruma outra guria, e daí. Coração de solteira sofre também, poxa. A bola deu uma murchada, ela encardiu umas indignações e nessa hora sua companheira solteira resolveu oferecer o ombro amigo. Falou que o cara era um idiota de marca maior, que ela era linda e estava uma coisa aquela noite, que esquecesse o famigerado gaúcho e brilhasse na pixta. A oncinha escutou, refletiu, pediu mais uma cervejita pra molhar a garganta e voltou a dançar, já tendo superado o pequeno trauma. Mas não. No meio da noite ela diz que vai ao banheiro e encontra o gaúcho sozinho. Resolve então bater uma DR bêbada no meio de um bar lotado com um imbecil perguntando porque ele tinha agido assim. Obviamente o gaúcho micareteiro respondeu qualquer asneira e despachou como macumba a onça problemática. A outra solteira não acreditou como ela pode ter ido pedir explicações, era o fim mas também bem feito para ela.  A Alice pensou que o gaúcho fosse pedir desculpas e saiu com o rabo no meio das pernas. Foram dançar e de vez em quando trombavam com o ridículo Don Juan de meia tigela.

Altas horas da madruga, naquele estágio de chamar urubu de meu lôro, a onça ébria percebe um homem completamente bêbado dando mole para ela no balcão do bar. Digamos que se até a Lacraia chegasse perto dele, ouviria um elogio canastrão. O sujeito exalava álcool pelos poros, via tudo meio embaçado e já falava em inglês, língua predileta de bebum. Ainda se fosse o Brad Pitt te paquerando, bêbado daquele jeito não teria a menor graça (retiro o que disse: se o Brad bêbado desse apenas um sorrisinho pra mim, eu já pedia em casório). Mas a onça resolveu investir e ficou com o pudim de cachaça. São Solteiro deve ter coçado a cachola e deixou rolar, assim como sua amiga boquiaberta do outro lado do salão. Pela primeira vez na história desse país um polvo tentava acasalar com uma onça, pois o cachaceiro queria colocar seus tentáculos nos lugares mais difíceis e íntimos possíveis. Ela tentava se desviar, tentava conversar com o sujeito (conversar com bêbado às 5 da matina só deve funcionar no reino dos felinos) mas ele estava disposto a estudar anatomia aqui e agora. Os dois quase caindo sobre o balcão, ele com os olhos embaciados, ela querendo discutir sobre a insustentável leveza do ser e o pinguço disposto a traçar a culega. Percebendo que a situação não estava lá das melhores, a onça etílica retorna meio jururu para sua amiga e reclama dos gestos nada gentis do cavalheiro que conhecera no balcão. A solteira quase ri, pois vê que sua amiga é birutinha da cabeça. Pergunta se ela realmente achava que uma fraude zêbada às 5 da manhã num bar estava querendo jogar gamão, aprender a falar romeno ou saber qual era o livro de sua vida. Escuta de réplica: ele parecia que estava gostando de mim, se bem que toda hora falava do meu decote... Tsctsctsc.

A oncinha na hora de ir embora olha para amiga e pergunta se não deve voltar ao gaúcho e dar seu telefone a ele. OI?? Para o mundo que eu, tu, eles e todos queremos descer. A solteira queria dar seu telefone ao gaúcho que pensava estar numa micareta, era um imbecil e não queria saber nem de pele, bigode ou pata de onça. E não vale dizer que  ela teve essa infame ideia por causa do álcool. Isso é total falta de noção na vida, loucura no ápice ou pura vontade de causar um colapso nervoso nas amigas. Depois de ficar com um bêbado nadando da lama, discutir a relação inexistente com um adolescente tardio, ela ainda queria dar seu telefone pro juvenil. Perceba que a condição de onça foi substituída por uma de anta, anta com todas as letras. Cadê a solteirice saudável e feliz dessa culega, gente? Onde ela escondeu o mínimo de bom senso? Ela bebeu a autoestima toda com cerveja? Depois de ouvir um sonoro 'você é burra ou o quê?' a onça repensou e achou que o melhor era voltar para a toca. Entre felinos, micareteiros, antas e bêbados todos se salvaram.

Ser solteira requer um jogo de cintura incrível, sobretudo quando sua amiga decide explodir seu marcapasso.

Solteiras, fica a lição: cuidado ao usar uma estampa de oncinha. Você pode ser acometida pela síndrome da anta maluca.

2 comentários:

  1. Blogueira, pensei em uma maneira de falar e homenagear a todos que tanto vêm me incentivando com o carinho e apoio que me doam.
    Escrevi uma crônica pensando em nós blogueiros. Falei sobre o que penso ser o blog para nós. Você pode concordar ou discordar; pode também acrescentar; mas não deixe de opinar. Leia e entenderá por que a sua opinião é indispensável para mim e para todos blogueiros.

    Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Anta não corre o risco de extinção e mesmo assim é protegida pelas leis (divinas),... atire a primeira pedra no gato - quem nunca viu uma (nem que seja no espelho do banheiro). Adoro!!!

    ResponderExcluir

Fala solteira!